O AGRIDOCE DA VIDA, Crónicas de uma Terapeuta Familiar – Crónica 2: As palavras que o vento não leva

para o Diário do Distrito

Crónica 2: AS PALAVRAS QUE O VENTO NÃO LEVA

“És sempre a mesma coisa! Nunca fazes nada do que digo! Não tens vergonha nenhuma nessa cara!”

“Sempre, nunca, vergonha”. Enquanto terapeuta familiar arrisco afirmar que estas serão três palavras que, há várias gerações, fazem parte da educação da maioria dos portugueses.

Educar pela vergonha e pela reparação da culpa. Educar com o fatalismo e o determinismo do “sempre” e do “nunca”: “Serei sempre um fracasso e nunca serei suficiente”.

Educar como se foi educado, sem consciência da força das palavras. Serão expressões culturalmente tão enraizadas que, em momentos de maior zanga, desespero ou impulsividade se tornam as bengalas de muitos pais. Quando nos sentimos perdidos e desorganizados regressamos ao que conhecemos, neste caso comunicamos como comunicaram connosco. Ainda que, há medida que se vá crescendo se repita inúmeras vezes: “Não vou fazer nada como os meus pais fizeram.”

Mas, arriscar ser e fazer diferente implica um trabalho de reflexão, um olhar para dentro e encontrar ferramentas e novas respostas que uma percentagem elevada de pessoas poderá não ter acesso, pois não irá recorrer a um processo psicoterapêutico.

Passado não tem que ser destino, mas será, continuará a ser, enquanto tantos acreditarem que os pais e as mães se fabricam nos genes e emergem com a força do sangue.

Uma gravidez não faz uma mãe e um espermatozoide não faz emergir um pai.

Parentalidade exige exercício diário, compromisso, inquietação, erros e novas soluções. Queremos pais perfeitos? Não! Não existem pais perfeitos, mas existem pais que dão o melhor de si, que erram e pedem desculpa e arriscam fazer e comunicar de forma diferente com os seus filhos.

Comunicar sem as certezas e os fatalismos do passado, comunicar com verdade, arriscando falar dos seus sentimentos, oferecendo-se como parceiro, mantendo o seu papel de farol na vida dos filhos.

Segure o fio invisível que permite que os filhos voem, sem os castrar com a força demolidora das palavras.

Escolha educar com Amor e assertividade, com limites que ajudam os filhos a crescer seguros, mas não os destrua com as suas palavras, aquelas que o vento não leva e ficam, para sempre, coladas à nossa pele.

O AGRIDOCE DA VIDA, Crónicas de uma Terapeuta Familiar – Crónica 1ª : Tempo

para o Diário do Distrito

Crónica 1ª – TEMPO

Enquanto terapeuta familiar reconheço a importância da gestão do tempo na dinâmica relacional da família. Reconheço também a multiplicidade de tempos e de exigências que coexistem no sistema familiar.

Muitas famílias sentem que lhes falta tempo. Eu sinto que se quer fazer demasiado e se é muito pouco…

Corre-se atrás do tempo sem que se perceba que a vida acontece em cada detalhe, em cada interação e que o verbo amar se conjuga no tempo presente e não, em um qualquer passado idealizado ou em um tempo futuro, ainda por cumprir.

Doe o seu tempo ao autocuidado, ao amor próprio. Este será a base para amar o Outro, sem medo de se perder, sem medo de não ter tempo.

Os filhos precisam de pais com tempo. Tempo olhos nos olhos, sem teclados nem ecrãs como mediadores. Tempo de colo, de pele com pele, de mãos dadas e de gargalhadas.

Ter tempo para o humor é sinónimo de saúde familiar. Aprenda a rir de si próprio. Estará a ensinar as crianças sobre autoaceitação. Não procure ser um modelo de perfeição. Seja simplesmente feliz.

Ria, chore, zangue-se, mostre medo. Revele-se com tempo para ser humano. Não há sentimentos errados. Seja um exemplo de expressão emocional, tocando em todas as cores da vida.

Ensine os seus filhos a esperar. A cultivar o desejo, a sentir as borboletas na barriga e delicie-se com o seu ar deslumbrado quando, finalmente, o tempo chega.

Estabeleça prioridades para o seu tempo. Lembre-se que só é único e insubstituível na família. Um trabalho é apenas um trabalho. Uma casa é apenas uma casa. Deixe para amanhã tudo o que o impede de ser, o que é imprescindível hoje.

Aprenda a parar o tempo nos momentos felizes. Guarde-os dentro de si, qual reservatório de esperança para os momentos maus. Aceite o agridoce da vida e o tempo de cada coisa.

Crie o seu tempo individual e o tempo de ser família. Seja um exemplo de verdade. A verdade apaixona. A paixão vive no tempo presente, não precisa de mais nada.

Apaixone-se por si e pela vida. Será o dono do seu tempo.

Escolha ser positiva!

Escolha ser positiva! A par do Amor, a cognição é a força mais poderosa que conheço. Esta semana, em várias consultas, temos explorado a importância de construir um pensamento positivo . De nos empoderarmos e recusarmos o negativismo da vitimizaçao. É preciso dar menos poder ao Outro e às circunstâncias que não controlamos. É possível, através do treino mental, exercitar a positividade. Seja grato! Há sempre algo a agradecer na sua Vida! Seja generoso consigo e com o Outro. Recuse fatalismos e determinismos. O destino é construído por si! Foque-se nas suas emoções e comportamentos. Valorize-se! Use uma linguagem positiva e encha o seu reservatório interno de esperança! Reclame menos e construa mais soluções!

Maria Vinagre, Clínica de Empoderamento no Agridoce da Vida

7
Dizem que é um número mágico, é o dia da abertura da minha Maria Vinagre, Clínica de Empoderamento no Agridoce da Vida.
O nome causará estranheza a alguns, mas, outros tantos entenderão.
Sabem? É o nome de todos nós, porque dentro de cada um, coexiste uma doce Maria e um Vinagre mais amargo.
Mais ainda? Também será assim a vida de todos: Agridoce!
E as terapias, as psicoterapias, os cuidados com o corpo e com a mente, serão, sobretudo, uma forma de empoderamento! Um caminho para que cada um, aprenda a reconhecer o seu potencial, se capacite e viva de forma mais plena e integral.
Aceite os lutos, abrace as lutas e seja feliz!
Assim, queridos todos, eu e a minha equipa estaremos à vossa espera, na nossa Maria Vinagre!
Sintam-se muito bem acolhidos!
Thaysa Viegas
Diretora Clínica

7 de setembro de 2019

Reflexões de uma Terapeuta Familiar

Sobre o tempo a sós

Este meu início de semana tem sido, claramente, atípico, em casa, agora a recuperar de uma forte gastroenterite, (coisas da vida de uma mãe de crianças pequenas). 
Assim, nestes dois dias, tem acontecido algo que, agora percebo, não se verificava há muito: estou sozinha. 
Sozinha com o meu mal estar, é certo, mas, mais importante, com os meus pensamentos e desejos. Só eu! 
Tenho tempo para o descanso, que repara o corpo e a alma, no sossego da casa,da qual bebo os cheiros, os risos, que daqui a pouco estarão de volta, mas agora sou só eu… Tempo para sentir, sem pressa, sem a ditadura do relógio e dos compromissos. Nestes dois dias, o maior compromisso foi comigo mesma. 
Conheci o efeito terapêutico do tempo, a sós, do encontro com o “Eu”, sem máscaras, no encontro, no silêncio, com a nossa voz interior… 
O tempo a sós é um mimo! De carácter obrigatório! Marque na sua agenda! Namore-se! 
Boa semana!

Reflexões de uma Terapeuta Familiar

Sobre a importância do afecto na escola

A semana que passou representou o regresso à escola para muitas famílias. O último período do ano letivo, traz de volta os desafios da aprendizagem e da relação entre a escola e a família.
Para muitas crianças e jovens, serão dias de realizações e descobertas, mas, outros tantos, descobrirão o desconforto, o medo e a insegurança.
O papel do professor é fundamental e, tantas vezes, diferenciador entre um e outro caminho. Enquanto figura de vinculação e de autoridade, tem o poder de ajudar a construir autoestima e autoconfiança, desde que disponível para conhecer cada um e para ensinar em relação e não como mero transmissor de conhecimento.
É a relação pedagógica e entre pares que torna a escola insubstituível e não o conhecimento, que hoje, estará, atrevo-me a dizer, à distância de um “clic” em um qualquer motor de busca.
Apelo por isso aos professores, que tanto admiro, que façam da escola lugar de afectos e de encontros! Que, apesar da ditadura de “ter que cumprir o programa”, nunca recusem uma partilha, seja de um acontecimento na família, ou até de um cravo de liberdade, e possam sempre olhar cada criança e jovem com a ternura de quem reconhece que estes lhe entregam, diariamente, o melhor de si.
Semana feliz, de aprendizagens!

Reflexões de uma Terapeuta Familiar Segredos ao Ouvido…

Minhas filhas,
Sejam felizes!
Cresçam com amor próprio
Descubram o vosso dom!
Cultivem o respeito, a bondade e a generosidade!
Em caso de dúvida, escolham-se! Não deixem que alguém vos limite! Nunca se percam da vossa verdade.
Cresçam assim, livres e seguras com os sonhos nas pontas dos dedos…
Aspirem o impossível e realizem-no!
Amem muito e sejam bem amadas!
Eu cá estarei a segurar o fio invisível e a acreditar na unicidade de cada uma. Para sempre! 
Amor superação… Minhas filhas!